19 junho, 2025

Irã x Israel: o que está por trás desse conflito?


Publicado em: 19 de junho de 2025

Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

Israel Irã: o que está por trás desse conflito?

Por que falar sobre isso?

Nas últimas décadas, o Oriente Médio tem sido palco de diversos conflitos com implicações políticas, religiosas, econômicas e sociais. Um dos mais tensos e complexos envolve dois atores centrais: Irã e Israel. Entender esse conflito é essencial para refletir sobre temas como relações internacionais, fundamentalismo religioso, imperialismo, disputas territoriais, geopolítica e globalização, todos presentes nos currículos de Sociologia e atualidades, e possíveis temas de redação do ENEM.

Onde tudo começa: o contexto histórico

Israel:

Criado em 1948, após o Holocausto e a partilha da Palestina proposta pela ONU, Israel se estabeleceu como um Estado judeu no Oriente Médio. Desde então, seu surgimento é contestado por diversos países árabes e muçulmanos, que o veem como fruto do imperialismo ocidental.

Irã:

O Irã é uma república islâmica teocrática desde 1979, quando uma revolução derrubou o xá apoiado pelos EUA. Desde então, adota uma postura antiocidental e defende a causa palestina, posicionando-se como um opositor direto de Israel e dos Estados Unidos.

Por que Irã e Israel são inimigos?

  1. Diferenças religiosas e ideológicas:

    • Israel é um Estado judaico, com laços fortes com o Ocidente.

    • O Irã é um Estado xiita islâmico que apoia grupos como o Hezbollah (no Líbano) e o Hamas (na Palestina), ambos inimigos de Israel.

  2. Disputa por influência regional:

    • Israel é aliado dos EUA e possui uma das forças armadas mais poderosas do mundo.

    • O Irã busca expandir sua influência no Oriente Médio, principalmente após a retirada americana do Iraque e da Síria.

  3. Programa nuclear iraniano:

    • Israel acusa o Irã de tentar construir armas nucleares, o que considera uma ameaça existencial.

    • O Irã, por sua vez, afirma que seu programa tem fins pacíficos e denuncia o "monopólio nuclear israelense".

O que está acontecendo atualmente?

Em 2024 e 2025, a tensão aumentou com trocas de ataques diretos e indiretos:

  • Israel realizou bombardeios contra alvos iranianos na Síria.

  • O Irã respondeu com drones e mísseis contra alvos israelenses.

  • O grupo Hamas (apoiado pelo Irã) intensificou ataques a partir da Faixa de Gaza.

  • O Hezbollah (também financiado pelo Irã) atua na fronteira entre Israel e Líbano.

Esses acontecimentos elevaram o risco de um conflito regional ampliado, envolvendo potências globais.

Como a Sociologia pode ajudar a entender esse conflito?

Sociologia das Relações Internacionais:


A Sociologia das Relações Internacionais estuda como os Estados interagem entre si, formando alianças, rivalidades e sistemas de poder global. Essa área analisa interesses políticos, econômicos e ideológicos que motivam os países a cooperar ou entrar em conflito.

Pontos-chave:
  • Os Estados não agem por "moral" ou "valores universais", mas por interesses estratégicos (ex: controle de petróleo, acesso a rotas comerciais, influência política).

  • As instituições internacionais (como ONU, OTAN, OMC) buscam regular esses conflitos, mas têm limites quando grandes potências estão envolvidas.

  • O sistema internacional é desigual, favorecendo países ricos e militarizados.

Exemplo aplicado:
No conflito Irã x Israel, a ONU tenta mediar tensões, mas esbarra em vetos de potências (como EUA e Rússia), mostrando os limites do sistema internacional diante de interesses nacionais.

Teoria do Conflito (Karl Marx):

A Teoria do Conflito, baseada em Karl Marx, propõe que a sociedade é marcada por lutas entre grupos com interesses opostos, geralmente em torno do controle dos meios de produção e recursos.

Aplicada à guerra, essa teoria vê os conflitos armados como prolongamento das disputas econômicas e geopolíticas entre elites e nações. A guerra, nesse sentido, não é "inevitável", mas sim um instrumento de dominação.

Exemplos práticos:

  • Guerras por petróleo (como a do Iraque).

  • Disputas por território fértil ou com acesso à água.

  • Intervenções militares travestidas de “missões de paz”, mas com objetivos econômicos.

No caso Irã x Israel, pode-se interpretar os conflitos como uma disputa por influência e controle de recursos estratégicos na região, com apoio de potências globais que lucram com armas e energia.

Identidade e Cultura (Stuart Hall):

Stuart Hall é um dos principais teóricos dos estudos culturais, e argumenta que a identidade não é fixa, mas construída socialmente por meio da linguagem, da história e das relações de poder.

Quando aplicada aos conflitos, a identidade pode ser usada para criar divisões simbólicas, como:

  • "nós x eles"

  • "povo escolhido x infiéis"

  • "civilização x barbarismo"

Essas divisões alimentam o nacionalismo extremo, a intolerância e até o racismo religioso e étnico.

No conflito Irã x Israel, os discursos identitários se baseiam em narrativas religiosas e históricas:

  • O Estado de Israel se define como lar do povo judeu.

  • O Irã se apresenta como defensor do islamismo xiita e da Palestina.
    Essa construção simbólica intensifica a oposição entre os dois povos.

Fundamentalismo religioso:

O fundamentalismo religioso é uma forma de interpretar a religião de modo literal e rígido, rejeitando visões mais modernas ou pluralistas. Em contextos políticos, ele se torna perigoso quando é usado para:

  • Justificar violência

  • Controlar a vida pública

  • Eliminar adversários ideológicos ou religiosos

Esse conceito não se limita ao islamismo, podendo ocorrer em qualquer religião. O problema não é a fé, mas quando ela é usada como arma política.

Exemplo no contexto Irã x Israel:

  • O Irã usa o islamismo xiita para legitimar sua oposição a Israel e apoiar grupos armados como o Hezbollah.

  • Alguns setores israelenses usam argumentos religiosos para defender a colonização de territórios palestinos.

Resultado: A religião, que deveria promover paz e espiritualidade, se transforma em instrumento de dominação e exclusão.

Como isso pode aparecer no ENEM?

  • Na Redação: como tema sobre intolerância religiosa, conflitos étnico-territoriais, armamentismo e segurança internacional ou relações de poder na globalização.

  • Na prova objetiva de Sociologia: questões que relacionem o conflito a conceitos como imperialismo, fundamentalismo, identidade cultural e relações internacionais.

Para refletir:

“O que move as guerras não são as religiões em si, mas os interesses que se escondem atrás delas.”
(Inspirado em Noam Chomsky)

Atividade sugerida:

Pesquise como o Brasil se posiciona diante dos conflitos no Oriente Médio. Você acha que o país deve adotar uma postura neutra ou se posicionar? Justifique com base em valores sociológicos e princípios da Constituição Federal.

Quer mais temas comentados como este? Continue acompanhando o blog Sociologia no ENEM e siga nossas redes sociais para receber conteúdos atualizados!


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