Na era digital, eles não apenas nos ajudam a encontrar o que procuramos, mas também influenciam o que consumimos, pensamos e até votamos. Por isso, entender como eles funcionam é essencial para quem vai fazer o ENEM e quer refletir sobre os desafios da sociedade contemporânea.
O que são algoritmos?
Algoritmos são sequências de instruções programadas para resolver problemas ou executar tarefas automaticamente. Nas redes sociais e nas plataformas digitais, eles organizam o conteúdo com base no comportamento do usuário: o que você curte, compartilha, assiste, comenta…
Em outras palavras: quanto mais tempo você passa em uma rede, mais o algoritmo entende seu perfil e personaliza o que você vê.
Mas será que isso é sempre positivo?
O perigo da personalização: vivemos em bolhas?
Quando tudo o que você vê confirma suas crenças, você está preso(a) a uma bolha informacional. É como se o algoritmo dissesse: “vou te mostrar só o que você gosta” e assim você deixa de ter contato com opiniões diferentes.
Esse fenômeno foi chamado de filtro invisível por Eli Pariser, e pode gerar:
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Reforço de preconceitos e estereótipos
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Redução do pensamento crítico
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Dificuldade de diálogo entre pessoas com visões diferentes
Para pensar com a Sociologia…
A atuação dos algoritmos não é neutra. Eles priorizam o engajamento e o lucro, e muitas vezes acabam disseminando conteúdo sensacionalista ou até mesmo informações falsas.
Aqui, a Sociologia nos ajuda com alguns conceitos:
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Violência simbólica (Pierre Bourdieu):
O sociólogo francês Pierre Bourdieu nos oferece uma poderosa ferramenta para compreender como o poder se manifesta de maneira sutil, mas extremamente eficaz. A violência simbólica ocorre quando as formas de dominação deixam de ser percebidas como imposições e passam a ser vistas como naturais.
Em vez de uma coerção física ou explícita, trata-se de um poder que age no plano simbólico: na linguagem, nos costumes, nos valores, nas instituições. Por exemplo, quando certos sotaques, corpos, gostos ou estilos de vida são vistos como superiores a outros, essa hierarquia é reproduzida como se fosse algo “normal”. Isso acontece, por exemplo, no sistema educacional, quando a cultura dominante é tomada como a única legítima, fazendo com que grupos marginalizados internalizem sua posição como inferior.
Assim, a violência simbólica mantém a desigualdade social sem recorrer à força direta, porque aqueles que estão subordinados muitas vezes aceitam e até reforçam sua própria dominação sem perceber.
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Modernidade líquida (Zygmunt Bauman):
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman propôs a metáfora da modernidade líquida para descrever a fase atual da sociedade, marcada pela instabilidade e pela fluidez das relações humanas, dos vínculos sociais e das estruturas institucionais.
Se antes a sociedade era como algo “sólido”, com tradições, empregos e relacionamentos duradouros, hoje tudo parece escorrer pelas mãos. As relações amorosas se tornam mais passageiras, os laços de comunidade se enfraquecem, os empregos são instáveis e a informação circula de maneira tão rápida que mal temos tempo para refletir sobre ela.
Vivemos sob a lógica da descartabilidade: pessoas, produtos e ideias são rapidamente substituídos. A velocidade da comunicação digital intensifica esse processo, gerando sentimentos de insegurança, ansiedade e superficialidade nas conexões.
A modernidade líquida, portanto, revela uma crise de pertencimento e estabilidade, desafiando os indivíduos a construírem identidades em um mundo em constante transformação.
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Filtro invisível (Eli Pariser):
Com a expansão da internet e das redes sociais, esperava-se que tivéssemos acesso a uma enorme diversidade de informações e visões de mundo. No entanto, o ativista digital norte-americano Eli Pariser chamou atenção para um fenômeno preocupante: o filtro invisível.
Esse conceito descreve como os algoritmos das plataformas digitais selecionam conteúdos com base no comportamento prévio dos usuários, ou seja, no que eles curtiram, comentaram ou pesquisaram. Isso cria uma “bolha” personalizada de informações, onde o usuário recebe apenas conteúdos que reforçam suas crenças e preferências.
O problema é que essa personalização, longe de ser neutra, limita o contato com opiniões divergentes e dificulta o pensamento crítico. O usuário acredita estar fazendo escolhas livres, mas na verdade está sendo direcionado por mecanismos invisíveis que filtram o mundo de acordo com interesses comerciais e padrões de consumo.
Essa falsa sensação de liberdade informacional contribui para a polarização política, para a disseminação de fake news e para o enfraquecimento da esfera pública como espaço de debate plural.
Atividade sugerida para alunos:
Reflita sobre uma situação em que o algoritmo influenciou uma escolha sua (ex: uma compra, um vídeo, uma notícia que você compartilhou). Escreva um pequeno relato explicando como isso aconteceu.
Para o ENEM:
Esse conteúdo é uma excelente base para discutir temas como:
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Liberdade de informação
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Democracia digital
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Bolhas ideológicas e polarização política
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Manipulação de dados e fake news
Fique atento(a) às atualidades e aprenda a aplicar os conceitos sociológicos para interpretar o mundo digital. Afinal, no ENEM, quem argumenta com base crítica e repertório tem mais chances de alcançar a nota 1000!
Continue acompanhando a série de aulas sobre algoritmos e realidade social aqui no blog Sociologia no ENEM. No próximo encontro, vamos falar sobre bolhas informacionais, manipulação simbólica e como isso se relaciona com a construção da verdade.
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