20 junho, 2025

Redação ENEM: A influência dos algoritmos na construção da realidade social


Publicado em: 20 de junho de 2025

Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

Você já parou para pensar como as redes sociais escolhem o que aparece na sua tela? Será que tudo que vemos é realmente uma escolha nossa? No ENEM, essas perguntas podem virar tema de redação, e é por isso que vamos refletir juntos sobre o papel dos algoritmos na sociedade.

Tema: A influência dos algoritmos na construção da realidade social

Textos Motivadores

Texto I – Eli Pariser (2011)

“A internet está nos mostrando o que ela acha que queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos ver. Estamos presos em um filtro invisível de personalização.”

Texto II – Relatório do MIT Media Lab (2023)

Fake news se espalham 6 vezes mais rápido do que notícias verdadeiras. As redes sociais dão mais visibilidade a conteúdos emocionais e polêmicos.

Texto III – Pierre Bourdieu

“A dominação simbólica ocorre quando os dominados aceitam como naturais as hierarquias e as divisões impostas pela estrutura social.”

Texto IV – Declaração da ONU sobre tecnologias digitais (2024)

“As tecnologias digitais devem promover pluralidade e diversidade, mas seu uso desregulado pode ameaçar a democracia e os direitos humanos.”

Esses textos nos mostram que os algoritmos têm grande poder sobre o que vemos e pensamos. Mas como transformar esse tema em uma redação nota mil? Veja o exemplo abaixo:

Modelo de Redação Nota 1000 

Introdução:
Na era digital, os algoritmos se tornaram ferramentas invisíveis que moldam o que vemos, consumimos e acreditamos. Ao personalizar os conteúdos das redes, eles influenciam diretamente nossa percepção da realidade. Essa dinâmica, embora eficiente do ponto de vista tecnológico, levanta sérias questões sobre democracia, pluralidade e autonomia do pensamento.

Desenvolvimento 1:
O conceito de “filtro invisível”, elaborado por Eli Pariser, explica como os algoritmos isolam os indivíduos em bolhas informacionais. Isso restringe o contato com opiniões diferentes, reforçando crenças prévias e alimentando polarizações. Além disso, como mostrou um estudo do MIT, conteúdos falsos ou sensacionalistas se espalham mais rápido, o que distorce a compreensão dos fatos e afeta o debate público.

Desenvolvimento 2:
Na Sociologia, Pierre Bourdieu explica que as formas mais eficazes de dominação são aquelas que se tornam invisíveis. Os algoritmos, nesse sentido, naturalizam escolhas que não percebemos, mas que afetam decisões políticas, econômicas e culturais. A falta de regulação e de educação digital crítica faz com que muitos não percebam essa influência.

Conclusão:
Diante disso, é urgente que o Estado regulamente o uso dos algoritmos e exija mais transparência das plataformas digitais. Além disso, as escolas devem promover educação midiática e pensamento crítico, para que os jovens reconheçam as influências invisíveis que moldam seu cotidiano. Assim, os algoritmos podem deixar de ser ferramentas de manipulação e se tornar instrumentos de empoderamento social.

Comentário por competência

  • C1 (Linguagem): A redação está escrita em norma-padrão, com clareza e coesão.

  • C2 (Repertório): Utiliza conceitos de Eli Pariser e Pierre Bourdieu de forma produtiva.

  • C3 (Argumentação): Apresenta uma linha de raciocínio bem desenvolvida.

  • C4 (Coesão): Uso adequado de conectivos para articular ideias.

  • C5 (Intervenção): Propõe ações com agente, meio e finalidade, respeitando os direitos humanos.

Dicas Finais para o ENEM

  • Estude os conceitos de bolhas informacionais, filtro invisível e dominação simbólica.

  • Relacione a discussão digital com temas como democracia, manipulação da informação e cidadania.

  • Proponha intervenções viáveis, com ações que envolvam o Estado, a escola e a sociedade civil.

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19 junho, 2025

Algoritmos, bolhas e a construção da verdade



Publicado em: 19 de junho de 2025
Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

O que é bolha informacional?

Você já ouviu alguém dizer: “Não sei como esse político foi eleito, ninguém que eu conheço votou nele!”? Essa sensação pode ser explicada pelas chamadas bolhas informacionais.

Elas são criadas quando os algoritmos das redes sociais filtram o conteúdo que aparece no nosso feed, nos mostrando apenas opiniões parecidas com as nossas. O resultado? Uma falsa sensação de unanimidade e de que todo mundo pensa igual a você.

Esse fenômeno empobrece o debate e torna o diálogo mais difícil, alimentando a intolerância e a polarização.

O papel dos algoritmos na construção da realidade

Os algoritmos decidem o que você vê e o que você não vê. E isso influencia:

  • As notícias que você consome

  • Os temas sobre os quais você pensa

  • A maneira como você interpreta os fatos

Com base no seu comportamento digital (curtidas, tempo de leitura, buscas), as plataformas “adivinham” seus interesses e ajustam o conteúdo — mas sem transparência ou controle.

Isso interfere na sua percepção da realidade, já que as redes podem reforçar crenças pré-existentes e isolar visões divergentes.

Isso afeta a democracia?

Sim. Quando vivemos em bolhas digitais e consumimos apenas informações “filtradas”, corremos o risco de:

  • Acreditar em meias-verdades ou fake news

  • Tomar decisões políticas mal informadas

  • Desvalorizar o contraditório e o pensamento crítico

Segundo a socióloga Shoshana Zuboff, vivemos em uma era de capitalismo de vigilância, onde nossos dados são coletados, vendidos e usados para prever e influenciar comportamentos — inclusive eleitorais.

Conceitos sociológicos importantes

Nesta aula, trabalhamos com três conceitos fundamentais:

  • Bolhas informacionais: zonas de conforto digital: 

As bolhas informacionais são formadas quando os algoritmos das redes sociais e das plataformas digitais personalizam excessivamente os conteúdos com base em nossos gostos, curtidas e interações. Isso cria uma espécie de “zona de conforto digital”, na qual somos expostos quase exclusivamente a opiniões que reforçam nossas crenças, valores e preferências, enquanto visões diferentes ou críticas são filtradas ou invisibilizadas.

Essa lógica contribui para o isolamento ideológico e a radicalização de opiniões, dificultando o debate democrático e a convivência com a diversidade de pensamento. As bolhas reduzem a complexidade do mundo social, criando uma falsa sensação de unanimidade e certeza. Para o Enem, esse conceito pode ser relacionado à reflexão crítica sobre o papel das tecnologias na formação da opinião pública e no exercício da cidadania.
  • Manipulação simbólica: uso seletivo de signos e discursos para influenciar consciências:

A manipulação simbólica é um conceito associado ao sociólogo Pierre Bourdieu, que estudou como os símbolos, discursos e representações são utilizados por grupos dominantes para moldar a percepção da realidade. Ao selecionar e divulgar certos signos (palavras, imagens, símbolos) de forma estratégica, é possível influenciar consciências, legitimar desigualdades e sustentar relações de poder.

Por exemplo, a forma como a mídia apresenta uma greve pode usar signos que geram empatia (“trabalhadores lutam por seus direitos”) ou repulsa (“baderneiros atrapalham a ordem pública”), dependendo do interesse envolvido. Bourdieu chama atenção para o "poder simbólico", ou seja, a capacidade de impor uma visão de mundo como se fosse natural, neutra e legítima, quando na verdade ela é construída socialmente.

Na redação do Enem, esse conceito pode ajudar a discutir como a linguagem é usada para manipular opiniões, especialmente em contextos de fake news ou discursos de ódio.

  • Cultura da pós-verdadequando os fatos perdem importância

O termo pós-verdade ganhou destaque em 2016, quando foi eleito palavra do ano pelo Oxford Dictionary. Segundo a definição, trata-se de contextos em que os fatos objetivos têm menos influência sobre a opinião pública do que crenças pessoais e emoções. Em outras palavras, não importa se algo é verdadeiro, mas sim se a informação reforça o que o indivíduo quer acreditar.

Filósofos como Byung-Chul Han e Zygmunt Bauman exploraram esse fenômeno. Para Han, vivemos uma crise da verdade causada pelo excesso de informação e pela fragilidade do pensamento crítico. Bauman, por sua vez, apontava que, na "modernidade líquida", as verdades absolutas cedem lugar a narrativas fragmentadas e subjetivas, o que favorece o crescimento do populismo e da desinformação.

Na cultura da pós-verdade, fatos são relativizados e a objetividade perde espaço para o impacto emocional. Esse contexto favorece a disseminação de fake news, discursos anticientíficos e o fortalecimento de líderes carismáticos que apelam às emoções em vez de argumentos racionais.

Atividade de reflexão

Leia duas reportagens sobre o mesmo fato, publicadas por veículos diferentes. Compare títulos, linguagem, foco da narrativa e imagens.
Como os recortes editoriais influenciam sua interpretação?

Essa prática ajuda a desenvolver o pensamento crítico e a sair da bolha!

Para o ENEM: onde esse tema pode aparecer?

Esse conteúdo é excelente para abordar temas como:

  • Liberdade de expressão vs. manipulação informacional

  • Cidadania digital

  • Polarização e intolerância nas redes

  • Cultura da pós-verdade e fake news

  • Responsabilidade social das plataformas digitais

Esse é o tipo de repertório que fortalece argumentos em redações e questões interdisciplinares, e mostra domínio dos desafios da vida em sociedade, ponto chave nas Competências 2 e 3 da redação do ENEM.

No próximo post, vamos analisar como esses debates podem ser aplicados em uma proposta de redação estilo ENEM, com textos motivadores e modelo comentado.

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Como os algoritmos moldam nossas escolhas?



Publicado em: 19 de junho de 2025
Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

Você já percebeu que, depois de pesquisar um produto, ele começa a aparecer o tempo todo nas suas redes sociais? Ou que o conteúdo que surge no seu feed parece sempre “do seu gosto”? Isso não acontece por acaso , os algoritmos são os responsáveis por esse fenômeno.

Na era digital, eles não apenas nos ajudam a encontrar o que procuramos, mas também influenciam o que consumimos, pensamos e até votamos. Por isso, entender como eles funcionam é essencial para quem vai fazer o ENEM e quer refletir sobre os desafios da sociedade contemporânea.

O que são algoritmos?

Algoritmos são sequências de instruções programadas para resolver problemas ou executar tarefas automaticamente. Nas redes sociais e nas plataformas digitais, eles organizam o conteúdo com base no comportamento do usuário: o que você curte, compartilha, assiste, comenta…

Em outras palavras: quanto mais tempo você passa em uma rede, mais o algoritmo entende seu perfil e personaliza o que você vê.

Mas será que isso é sempre positivo?

O perigo da personalização: vivemos em bolhas?

Quando tudo o que você vê confirma suas crenças, você está preso(a) a uma bolha informacional. É como se o algoritmo dissesse: “vou te mostrar só o que você gosta” e assim você deixa de ter contato com opiniões diferentes.

Esse fenômeno foi chamado de filtro invisível por Eli Pariser, e pode gerar:

  • Reforço de preconceitos e estereótipos

  • Redução do pensamento crítico

  • Dificuldade de diálogo entre pessoas com visões diferentes

Para pensar com a Sociologia…

A atuação dos algoritmos não é neutra. Eles priorizam o engajamento e o lucro, e muitas vezes acabam disseminando conteúdo sensacionalista ou até mesmo informações falsas.

Aqui, a Sociologia nos ajuda com alguns conceitos:

  • Violência simbólica (Pierre Bourdieu)

O sociólogo francês Pierre Bourdieu nos oferece uma poderosa ferramenta para compreender como o poder se manifesta de maneira sutil, mas extremamente eficaz. A violência simbólica ocorre quando as formas de dominação deixam de ser percebidas como imposições e passam a ser vistas como naturais.

Em vez de uma coerção física ou explícita, trata-se de um poder que age no plano simbólico: na linguagem, nos costumes, nos valores, nas instituições. Por exemplo, quando certos sotaques, corpos, gostos ou estilos de vida são vistos como superiores a outros, essa hierarquia é reproduzida como se fosse algo “normal”. Isso acontece, por exemplo, no sistema educacional, quando a cultura dominante é tomada como a única legítima, fazendo com que grupos marginalizados internalizem sua posição como inferior.

Assim, a violência simbólica mantém a desigualdade social sem recorrer à força direta, porque aqueles que estão subordinados muitas vezes aceitam e até reforçam sua própria dominação sem perceber.

  • Modernidade líquida (Zygmunt Bauman)

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman propôs a metáfora da modernidade líquida para descrever a fase atual da sociedade, marcada pela instabilidade e pela fluidez das relações humanas, dos vínculos sociais e das estruturas institucionais.

Se antes a sociedade era como algo “sólido”, com tradições, empregos e relacionamentos duradouros, hoje tudo parece escorrer pelas mãos. As relações amorosas se tornam mais passageiras, os laços de comunidade se enfraquecem, os empregos são instáveis e a informação circula de maneira tão rápida que mal temos tempo para refletir sobre ela.

Vivemos sob a lógica da descartabilidade: pessoas, produtos e ideias são rapidamente substituídos. A velocidade da comunicação digital intensifica esse processo, gerando sentimentos de insegurança, ansiedade e superficialidade nas conexões.

A modernidade líquida, portanto, revela uma crise de pertencimento e estabilidade, desafiando os indivíduos a construírem identidades em um mundo em constante transformação.

  • Filtro invisível (Eli Pariser)

Com a expansão da internet e das redes sociais, esperava-se que tivéssemos acesso a uma enorme diversidade de informações e visões de mundo. No entanto, o ativista digital norte-americano Eli Pariser chamou atenção para um fenômeno preocupante: o filtro invisível.

Esse conceito descreve como os algoritmos das plataformas digitais selecionam conteúdos com base no comportamento prévio dos usuários, ou seja, no que eles curtiram, comentaram ou pesquisaram. Isso cria uma “bolha” personalizada de informações, onde o usuário recebe apenas conteúdos que reforçam suas crenças e preferências.

O problema é que essa personalização, longe de ser neutra, limita o contato com opiniões divergentes e dificulta o pensamento crítico. O usuário acredita estar fazendo escolhas livres, mas na verdade está sendo direcionado por mecanismos invisíveis que filtram o mundo de acordo com interesses comerciais e padrões de consumo.

Essa falsa sensação de liberdade informacional contribui para a polarização política, para a disseminação de fake news e para o enfraquecimento da esfera pública como espaço de debate plural.

Atividade sugerida para alunos:

Reflita sobre uma situação em que o algoritmo influenciou uma escolha sua (ex: uma compra, um vídeo, uma notícia que você compartilhou). Escreva um pequeno relato explicando como isso aconteceu.

Para o ENEM:

Esse conteúdo é uma excelente base para discutir temas como:

  • Liberdade de informação

  • Democracia digital

  • Bolhas ideológicas e polarização política

  • Manipulação de dados e fake news

Fique atento(a) às atualidades e aprenda a aplicar os conceitos sociológicos para interpretar o mundo digital. Afinal, no ENEM, quem argumenta com base crítica e repertório tem mais chances de alcançar a nota 1000!

Continue acompanhando a série de aulas sobre algoritmos e realidade social aqui no blog Sociologia no ENEM. No próximo encontro, vamos falar sobre bolhas informacionais, manipulação simbólica e como isso se relaciona com a construção da verdade.

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REDAÇÃO ENEM: O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade

 


Publicado em: 19 de junho de 2025

Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

Redação ENEM: 

Proposta de Redação 

Tema: O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade

Instrução da proposta (modelo ENEM):

Escreva um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema “O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade”. Apresente argumentos coerentes e uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

Texto I – Determinação em meio à repressão

“Foi interceptado em águas internacionais a cerca de 100 milhas náuticas de Gaza […] ficou isolado em solitária por dias e passou fome e sede em protesto.… Ávila planeja voltar com outro barco para levar ajuda.” huffingtonpost.es+15elpais.com+15brasildefato.com.br+15

Texto II – Controvérsia legal e humanitária

“Israel justifica o bloqueio por questões de segurança, mas organizações de direitos humanos classificam a abordagem como violação do direito internacional humanitário.” huffingtonpost.es

Texto III – Solidariedade global em ato simbólico

“A flotilha conta com a participação de ativistas … que afirmam: ‘O silêncio diante do genocídio transmitido em direto é mais perigoso do que qualquer missão arriscada’.”

Orientações 

1. Interpretação dos textos

Contextualize o caso da Flotilha da Liberdade, com destaque para o ativista Thiago Ávila, interceptado e deportado após tentar romper o bloqueio marítimo israelense a Gaza.

2. Mobilização sociológica

  • Sociologia das Relações Internacionais: examine os limites da soberania estatal frente às normas internacionais.

  • Teoria do Conflito: analise a disputa por controle territorial e humanitário como expressão de poder geopolítico.

  • Movimentos transnacionais: discuta como a mobilização ética global repercute na opinião pública e pressiona governos.

3. Proposta de intervenção

Apresente uma ação concreta e viável, por exemplo:

  • Mobilização diplomática do Brasil/ONU para garantir passagem humanitária.

  • Apoio jurídico internacional para missões não violentas.

  • Promoção de campanhas educativas e cobertura na mídia para sensibilizar a sociedade.

Estrutura sugerida da redação

  1. Introdução: introduza o tema com base no Texto I, problematizando a tensão entre soberania e solidariedade global.

  2. Desenvolvimento 1: analise sob a perspectiva da Sociologia das RI (Texto II).

  3. Desenvolvimento 2: incorpore a Teoria do Conflito e impacto dos movimentos transnacionais (Texto III).

  4. Proposta: defina ações diplomáticas, jurídicas e de mobilização social.

  5. Conclusão: retome a importância da solidariedade global como instrumento de mediação e justiça em situações de conflito humanitário.

Modelo de Redação

Introdução

O caso da Flotilha da Liberdade, que tentou romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, e a detenção do ativista brasileiro Thiago Ávila interceptado em águas internacionais, mantido em solitária e deportado , revelam uma problemática contemporânea urgente: a tensão entre a soberania estatal e os direitos humanos universais.

Desenvolvimento I: Sociologia das RI

A ação de Israel, alegando segurança diante do Hamas, contrasta com o direito internacional que garante a liberdade de passagem e acesso humanitário. A ONU ressaltou que apenas 7 de 18 operações de ajuda em Gaza foram concluídas, destacando os limites das instituições globais diante de políticas estatais fortemente militarizadas. Esse episódio ilustra bem o embate entre interesses estratégicos dos Estados e normas internacionais.

Desenvolvimento II: Teoria do Conflito marxista

A sociologia marxista interpreta esses eventos como expressões de disputa pelo controle de território, recursos e legitimidade política. O bloqueio e criminalização de ajuda humanitária funcionam como instrumentos de dominação, visando manter poder sobre um território estratégico e preservar desigualdades geopolíticas — ações que refletem a lógica das desigualdades estruturais questinadas por Marx.

Desenvolvimento III: Movimentos transnacionais e solidariedade

A presença de ativistas como Greta Thunberg e Thiago Ávila, aliados a ONGs e parlamentares internacionais, demonstra a força dos movimentos sociais globais. A Flotilha não apenas levava suprimentos, mas também amplificava a pressão internacional sobre o governo israelense, evidenciando o poder de mobilização sem fronteiras e a capacidade de transformar a opinião pública global .

Proposta de intervenção

Para enfrentar essa tensão entre soberania e direitos humanos, propõe-se:

  1. Mobilização diplomática e jurídica pelo Brasil e países democráticos na ONU, exigindo passagem segura para missões humanitárias marítimas.

  2. Fortalecimento de alianças entre ativistas, ONGs e organismos internacionais para criar fiscalização independente das barreiras humanitárias.

  3. Promoção de campanhas educacionais e midiáticas, incentivando pautas de solidariedade internacional e apoio a propostas de mesmo tipo.

Conclusão

O caso da Flotilha da Liberdade evidencia que, em um mundo marcado por crises humanitárias e conflitos, as fronteiras nacionais não podem se sobrepor à dignidade humana universal. Movimentos transnacionais demonstram ser instrumentos legítimos de resistência e denúncia, capazes de pressionar por soluções éticas e jurídicas que garantam o acesso a direitos básicos — essencial para sociedades democráticas e justas.

Esse modelo:

  • Apresenta uma introdução contextualizada, conectando o texto motivador ao tema.

  • Utiliza conceitos sociológicos pertinentes.

  • Propõe uma intervenção clara, viável e articulada.

  • Fechamento com apelo reflexivo, todos alinhados aos critérios do ENEM

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Conflito entre soberania estatal e direitos humanos

 


Publicado em: 19 de junho de 2025

Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

Conflito entre soberania estatal e direitos humanos

A interceptação da flotilha e a prisão de ativistas em águas internacionais colocam em evidência o dilema entre soberania nacional e direitos humanos universais. Israel justifica a ação com base em um bloqueio naval que entende essencial para a segurança nacional, enquanto ativistas e organizações internacionais denunciam uma violação do direito internacional humanitário, classificando o episódio como sequestro em águas internacionais. Essa tensão é um exemplo clássico da Sociologia das Relações Internacionais: Estados agem conforme seus interesses estratégicos, muitas vezes entrando em conflito com normas globais. Aqui vemos o limite das instituições internacionais frente a um Estado poderoso.

Teoria do Conflito: interesses econômicos e poder político

Para a Teoria do Conflito (Marxista), a guerra é extensão das disputas por recursos e influência. O bloqueio de Gaza, aliado à criminalização de ajuda humanitária, pode ser interpretado como uma forma de controle. Israel mantém o cerco para dominar política, econômica e territorialmente a região, enquanto bloqueia ações que possam empoderar a população palestina . A prisão de Ávila é uma demonstração de poder estatal para manter esse controle.

Identidade e cultura: identidade, sionismo e narrativas rivais

Thiago Ávila define o cerne do conflito não pela religião, mas por uma ideologia nacionalista, o sionismo, que ele vê como “racista e supremacista” A construção simbólica de “nós x eles” (israelenses x palestinos) reforça divisões identitárias profundas, tornando a ajuda humanitária um ato incriminado por conter poder simbólico: ameaça ao discurso dominante.

Fundamentalismo religioso e instrumentalização simbólica

Embora Ávila rejeite explicações religiosas, o uso do sionismo como justificativa do Estado israelense revela uma dimensão simbólica: assim como o fundamentalismo religioso manipula crenças, aqui a ideologia nacionalista serve para legitimar ações coercitivas, como prisão e deportação. No quadro sociológico, é a religião ou ideologia que se torna instrumento de dominação e violência política.]

Movimentos transnacionais e globalização da resistência

A Flotilha da Liberdade reúne ativistas de diversas nacionalidades (criando redes de afeto e solidariedade global). Isso exemplifica como, na era global, os movimentos sociais transcendem fronteiras, promovendo resiliência e pressão internacional. A repercussão intensa da deportação, amplificada por redes sociais, mostra o poder da comunicação global e das redes transnacionais em transformar eventos locais em pauta internacional.


Conexões com temas do ENEM

Tema Conexão
Relações Internacionais Tensões entre soberania, leis internacionais e direitos humanos.
Conflito social (Marx) Disputa por poder territorial e controle de recursos.
Identidade e cultura Nacionalismo, construção de inimigos simbólicos, ideologia sionista.
Fundamentalismo/ideologia  Ideologia como justificativa de violência e opressão.
Movimentos sociais globais  Solidariedade internacional, uso de redes sociais e mídia.

Sugestão de Redação

“O episódio envolvendo o ativista brasileiro Thiago Ávila, deportado por lutar pela entrega de ajuda humanitária à Gaza, revela a dicotomia entre soberania estatal e direitos humanos universais. Movimentos sociais transnacionais, como a Flotilha da Liberdade, desafiam discursos nacionalistas, no caso, o sionismo, que instrumentalizam ideologias para manter dominação política e territorial. A mobilização global, amparada por plataformas digitais, aponta caminhos para resistências solidárias e democráticas em um mundo marcado pelas desigualdades geopolíticas.”

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    Irã x Israel: o que está por trás desse conflito?


    Publicado em: 19 de junho de 2025

    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Israel Irã: o que está por trás desse conflito?

    Por que falar sobre isso?

    Nas últimas décadas, o Oriente Médio tem sido palco de diversos conflitos com implicações políticas, religiosas, econômicas e sociais. Um dos mais tensos e complexos envolve dois atores centrais: Irã e Israel. Entender esse conflito é essencial para refletir sobre temas como relações internacionais, fundamentalismo religioso, imperialismo, disputas territoriais, geopolítica e globalização, todos presentes nos currículos de Sociologia e atualidades, e possíveis temas de redação do ENEM.

    Onde tudo começa: o contexto histórico

    Israel:

    Criado em 1948, após o Holocausto e a partilha da Palestina proposta pela ONU, Israel se estabeleceu como um Estado judeu no Oriente Médio. Desde então, seu surgimento é contestado por diversos países árabes e muçulmanos, que o veem como fruto do imperialismo ocidental.

    Irã:

    O Irã é uma república islâmica teocrática desde 1979, quando uma revolução derrubou o xá apoiado pelos EUA. Desde então, adota uma postura antiocidental e defende a causa palestina, posicionando-se como um opositor direto de Israel e dos Estados Unidos.

    Por que Irã e Israel são inimigos?

    1. Diferenças religiosas e ideológicas:

      • Israel é um Estado judaico, com laços fortes com o Ocidente.

      • O Irã é um Estado xiita islâmico que apoia grupos como o Hezbollah (no Líbano) e o Hamas (na Palestina), ambos inimigos de Israel.

    2. Disputa por influência regional:

      • Israel é aliado dos EUA e possui uma das forças armadas mais poderosas do mundo.

      • O Irã busca expandir sua influência no Oriente Médio, principalmente após a retirada americana do Iraque e da Síria.

    3. Programa nuclear iraniano:

      • Israel acusa o Irã de tentar construir armas nucleares, o que considera uma ameaça existencial.

      • O Irã, por sua vez, afirma que seu programa tem fins pacíficos e denuncia o "monopólio nuclear israelense".

    O que está acontecendo atualmente?

    Em 2024 e 2025, a tensão aumentou com trocas de ataques diretos e indiretos:

    • Israel realizou bombardeios contra alvos iranianos na Síria.

    • O Irã respondeu com drones e mísseis contra alvos israelenses.

    • O grupo Hamas (apoiado pelo Irã) intensificou ataques a partir da Faixa de Gaza.

    • O Hezbollah (também financiado pelo Irã) atua na fronteira entre Israel e Líbano.

    Esses acontecimentos elevaram o risco de um conflito regional ampliado, envolvendo potências globais.

    Como a Sociologia pode ajudar a entender esse conflito?

    Sociologia das Relações Internacionais:


    A Sociologia das Relações Internacionais estuda como os Estados interagem entre si, formando alianças, rivalidades e sistemas de poder global. Essa área analisa interesses políticos, econômicos e ideológicos que motivam os países a cooperar ou entrar em conflito.

    Pontos-chave:
    • Os Estados não agem por "moral" ou "valores universais", mas por interesses estratégicos (ex: controle de petróleo, acesso a rotas comerciais, influência política).

    • As instituições internacionais (como ONU, OTAN, OMC) buscam regular esses conflitos, mas têm limites quando grandes potências estão envolvidas.

    • O sistema internacional é desigual, favorecendo países ricos e militarizados.

    Exemplo aplicado:
    No conflito Irã x Israel, a ONU tenta mediar tensões, mas esbarra em vetos de potências (como EUA e Rússia), mostrando os limites do sistema internacional diante de interesses nacionais.

    Teoria do Conflito (Karl Marx):

    A Teoria do Conflito, baseada em Karl Marx, propõe que a sociedade é marcada por lutas entre grupos com interesses opostos, geralmente em torno do controle dos meios de produção e recursos.

    Aplicada à guerra, essa teoria vê os conflitos armados como prolongamento das disputas econômicas e geopolíticas entre elites e nações. A guerra, nesse sentido, não é "inevitável", mas sim um instrumento de dominação.

    Exemplos práticos:

    • Guerras por petróleo (como a do Iraque).

    • Disputas por território fértil ou com acesso à água.

    • Intervenções militares travestidas de “missões de paz”, mas com objetivos econômicos.

    No caso Irã x Israel, pode-se interpretar os conflitos como uma disputa por influência e controle de recursos estratégicos na região, com apoio de potências globais que lucram com armas e energia.

    Identidade e Cultura (Stuart Hall):

    Stuart Hall é um dos principais teóricos dos estudos culturais, e argumenta que a identidade não é fixa, mas construída socialmente por meio da linguagem, da história e das relações de poder.

    Quando aplicada aos conflitos, a identidade pode ser usada para criar divisões simbólicas, como:

    • "nós x eles"

    • "povo escolhido x infiéis"

    • "civilização x barbarismo"

    Essas divisões alimentam o nacionalismo extremo, a intolerância e até o racismo religioso e étnico.

    No conflito Irã x Israel, os discursos identitários se baseiam em narrativas religiosas e históricas:

    • O Estado de Israel se define como lar do povo judeu.

    • O Irã se apresenta como defensor do islamismo xiita e da Palestina.
      Essa construção simbólica intensifica a oposição entre os dois povos.

    Fundamentalismo religioso:

    O fundamentalismo religioso é uma forma de interpretar a religião de modo literal e rígido, rejeitando visões mais modernas ou pluralistas. Em contextos políticos, ele se torna perigoso quando é usado para:

    • Justificar violência

    • Controlar a vida pública

    • Eliminar adversários ideológicos ou religiosos

    Esse conceito não se limita ao islamismo, podendo ocorrer em qualquer religião. O problema não é a fé, mas quando ela é usada como arma política.

    Exemplo no contexto Irã x Israel:

    • O Irã usa o islamismo xiita para legitimar sua oposição a Israel e apoiar grupos armados como o Hezbollah.

    • Alguns setores israelenses usam argumentos religiosos para defender a colonização de territórios palestinos.

    Resultado: A religião, que deveria promover paz e espiritualidade, se transforma em instrumento de dominação e exclusão.

    Como isso pode aparecer no ENEM?

    • Na Redação: como tema sobre intolerância religiosa, conflitos étnico-territoriais, armamentismo e segurança internacional ou relações de poder na globalização.

    • Na prova objetiva de Sociologia: questões que relacionem o conflito a conceitos como imperialismo, fundamentalismo, identidade cultural e relações internacionais.

    Para refletir:

    “O que move as guerras não são as religiões em si, mas os interesses que se escondem atrás delas.”
    (Inspirado em Noam Chomsky)

    Atividade sugerida:

    Pesquise como o Brasil se posiciona diante dos conflitos no Oriente Médio. Você acha que o país deve adotar uma postura neutra ou se posicionar? Justifique com base em valores sociológicos e princípios da Constituição Federal.

    Quer mais temas comentados como este? Continue acompanhando o blog Sociologia no ENEM e siga nossas redes sociais para receber conteúdos atualizados!


    14 junho, 2025

    Redes sociais, polarização e a reprodução do ódio digital

     

    Publicado em: 14 de junho de 2025
    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Introdução

    As redes sociais transformaram radicalmente nossa forma de interagir, opinar e se informar. Mas, ao mesmo tempo em que ampliaram o acesso à informação, também intensificaram o ódio, a intolerância e a polarização de ideias. Neste post, vamos entender como a estrutura das redes contribui para esse cenário e o que a Sociologia tem a nos dizer sobre isso.

    Algoritmos, bolhas e o ciclo do ódio

    Nas redes sociais, o que você vê não é aleatório. Plataformas como Instagram, X (Twitter), TikTok e Facebook utilizam algoritmos que selecionam conteúdos com base em seu histórico de curtidas, comentários e compartilhamentos.

    Resultado: você passa a ver apenas opiniões parecidas com as suas.
    Isso se chama "bolha informacional" ou "câmara de eco".

    Nessa bolha, ideias diferentes parecem “erradas”, o que favorece reações agressivas e a desumanização de quem pensa diferente.

    Polarização: nós contra eles

    A polarização é um processo em que a sociedade se divide em grupos opostos que não dialogam.
    Nas redes, isso é agravado por:

    • Comentários impulsivos e ofensivos

    • Falta de escuta e empatia

    • Engajamento motivado por polêmica (quanto mais polêmico, mais viral)

    As plataformas recompensam o conflito porque ele gera visualizações, comentários e tempo de permanência.

    Olhar sociológico: Bourdieu e Bauman

    Pierre Bourdieu chama atenção para a violência simbólica: formas de dominação que se naturalizam na linguagem e no cotidiano.
    Chamadas de “piada” ou “opinião forte” muitas vezes reproduzem ódio e preconceito sem que percebamos.

    Zygmunt Bauman, por sua vez, afirma que vivemos em uma modernidade líquida, marcada por relações frágeis e imediatistas.
    A cultura do cancelamento e os ataques online refletem essa lógica: julgar, condenar e excluir rapidamente, sem diálogo.

    Redes sociais são neutras?

    Não. As plataformas digitais têm estrutura e lógica próprias, que favorecem a exposição de discursos extremos.

    Como aponta a pesquisadora Sabrina Fernandes:

    “A lógica das redes recompensa o engajamento, mesmo quando ele é negativo.”

    Ou seja: likes e comentários valem mais do que a verdade, a empatia ou o respeito.

    Atividade sugerida (sala de aula ou grupo de estudos)

    Pergunta disparadora:
    As redes sociais são neutras ou têm responsabilidade na propagação do discurso de ódio?

    Escreva uma resposta argumentativa de até 10 linhas. Use um conceito da aula para fortalecer sua opinião (ex: bolha informacional, violência simbólica, polarização, modernidade líquida).

    Dica de ouro para a redação do ENEM:

    Se o tema envolver redes sociais e discurso de ódio, não caia na armadilha de culpabilizar apenas os usuários.
    • Analise a estrutura digital e o funcionamento das plataformas.
    • Traga autores da Sociologia como Bourdieu e Bauman para dar profundidade à sua argumentação.

    Continue acompanhando o Sociologia no ENEM para a próxima aula: vamos analisar uma proposta de redação completa sobre esse tema, com textos motivadores e uma redação nota 1000 comentada! 

    12 junho, 2025

    O que é discurso de ódio? Liberdade de expressão tem limites?

     


    O que é discurso de ódio? Liberdade de expressão tem limites?

    Publicado em: 12 de junho de 2025
    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Introdução

    Nas redes sociais, é cada vez mais comum ver comentários ofensivos, ataques pessoais e até incitação à violência. Muitas dessas manifestações são justificadas por quem as comete com a frase: "tenho direito à liberdade de expressão". Mas será que toda opinião pode ser expressa sem limites? Neste post, vamos refletir sobre o que caracteriza o discurso de ódio, como ele se diferencia da liberdade de expressão e qual o impacto disso para a convivência democrática.

    O que é discurso de ódio?

    De forma geral, o discurso de ódio é qualquer manifestação verbal, escrita ou simbólica que ataca, inferioriza ou incita violência contra uma pessoa ou grupo com base em sua identidade. Isso inclui raça, etnia, gênero, orientação sexual, religião, nacionalidade, deficiência, entre outros marcadores sociais.

    Importante: o discurso de ódio não é apenas "opinião polêmica". Ele tem potencial de causar danos reais, como humilhação, exclusão social, agressões e até crimes violentos.

    Liberdade de expressão tem limite?

    Sim. No Brasil, a liberdade de expressão é um direito constitucional, mas não é absoluta. O Artigo 5º da Constituição Federal afirma:

    “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.”
    “A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível.”

    Ou seja, expressar ideias é permitido, desde que não violem direitos humanos fundamentais. Discurso de ódio não é liberdade: é crime.

    Redes sociais: terreno fértil para o ódio?

    Infelizmente, sim. As redes sociais permitem o compartilhamento rápido de ideias, mas também facilitam o anonimato, a impunidade e a viralização de conteúdos ofensivos. Muitos usuários se sentem protegidos por telas e perfis falsos, o que estimula atitudes que não teriam presencialmente.

    Segundo dados da SaferNet Brasil, o país registrou mais de 100 mil denúncias de discurso de ódio online em 2023, incluindo racismo, misoginia, homofobia e xenofobia.

    Exemplo para refletir (estudo de caso)

    Em 2022, um influenciador digital publicou falas discriminatórias contra pessoas com deficiência, gerando repercussão nas redes. Seus seguidores o defenderam com o argumento da "liberdade de opinião". No entanto, a fala incentivava a exclusão social e gerou sofrimento a milhares de pessoas. O caso foi parar na Justiça.

    • O que você acha? Esse é um caso de opinião ou de discurso de ódio?
    • Até onde vai o direito de se expressar? 
    • Onde começa o direito do outro à dignidade?

    Para pensar e discutir em sala ou com seu grupo de estudo:

    1. Você já presenciou ou foi vítima de discurso de ódio nas redes sociais? Como reagiu?

    2. É possível educar os usuários da internet para um convívio mais respeitoso?

    3. Qual o papel das escolas e das famílias na formação ética dos jovens digitais?

    Dica de Sociologia no ENEM:

    Na redação do ENEM, temas como discurso de ódio, redes sociais e liberdade de expressão exigem que você saiba articular argumentos baseados em direitos, ética e cidadania. Use conceitos como:

    • Violência simbólica (Pierre Bourdieu)

    • Esfera pública e comunicação (Jürgen Habermas)

    • Cultura do ódio e intolerância (Zygmunt Bauman)

    Se você gostou deste conteúdo, compartilhe com seus colegas e continue acompanhando o blog Sociologia no ENEM para mais aulas, temas de redação comentados e dicas de Sociologia para o vestibular. 

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