07 julho, 2025

Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: um pacto global por um mundo melhor

Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: um pacto global por um mundo melhor

Você sabia que, em 2015, líderes de 193 países, incluindo o Brasil, se reuniram na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para firmar um compromisso histórico com o futuro do planeta? Esse pacto global resultou na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação que busca garantir bem-estar social, econômico e ambiental para todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás.

O que é a Agenda 2030?

A Agenda 2030 é um documento estratégico que apresenta 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas a serem alcançadas até o ano de 2030. Esses objetivos formam um plano de ação voltado para:

  • Erradicar a pobreza
  • Proteger o meio ambiente
  • Garantir paz, justiça e igualdade
  • Promover crescimento econômico sustentável

Ela propõe um modelo de desenvolvimento equilibrado entre as dimensões social, econômica e ambiental, incentivando a cooperação entre países, empresas, organizações sociais e cidadãos.

O que são os ODS?

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são metas globais interconectadas que orientam políticas públicas, investimentos e ações sociais em todo o mundo. Eles foram construídos com base nos avanços dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que estiveram em vigor entre 2000 e 2015.

Conheça os 17 ODS:

  1. Erradicação da pobreza
    Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

  2. Fome zero e agricultura sustentável
    Garantir segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover agricultura sustentável.

  3. Saúde e bem-estar
    Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

  4. Educação de qualidade
    Assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida.

  5. Igualdade de gênero
    Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

  6. Água potável e saneamento
    Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.

  7. Energia limpa e acessível
    Assegurar acesso confiável, sustentável e moderno à energia.

  8. Trabalho decente e crescimento econômico
    Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, com emprego pleno e produtivo.

  9. Indústria, inovação e infraestrutura
    Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e fomentar a inovação.

  10. Redução das desigualdades
    Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.

  11. Cidades e comunidades sustentáveis
    Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis.

  12. Consumo e produção responsáveis
    Assegurar padrões sustentáveis de produção e de consumo.

  13. Ação contra a mudança global do clima
    Tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos.

  14. Vida na água
    Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos.

  15. Vida terrestre
    Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres.

  16. Paz, justiça e instituições eficazes
    Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável.

  17. Parcerias e meios de implementação
    Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

ODS no ENEM: por que isso importa?

O ENEM avalia a capacidade dos estudantes de compreender problemas sociais, ambientais e econômicos, com base em temas atuais e relevantes. A Agenda 2030 e os ODS aparecem frequentemente em questões que envolvem:

  • Cidadania global
  • Sustentabilidade ambiental
  • Direitos humanos
  • Desigualdades sociais
  • Políticas públicas

Além disso, os ODS são temas recorrentes em propostas de redação e em questões das áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza e até Matemática, por meio de gráficos e interpretação de dados.

Como usar os ODS nos seus estudos?

Na Redação: Os ODS podem ser citados como repertório sociocultural produtivo. Por exemplo, ao discutir temas como desigualdade social (ODS 10) ou meio ambiente (ODS 13), você pode mencionar a Agenda 2030 como uma referência global.

Na Sociologia: Os ODS dialogam com teorias sobre justiça social, cidadania, políticas públicas, urbanização, globalização e sustentabilidade.

Na sua vida: A ideia central dos ODS é que todos nós temos um papel na construção de um mundo mais justo e sustentável. Que atitudes você pode adotar no seu dia a dia?

Dica do Blog Sociologia no ENEM:
Estude os ODS com atenção. Eles representam um excelente repertório sociológico e interdisciplinar para ser usado na prova do ENEM tanto na redação quanto nas questões objetivas.


Taxação global dos super-ricos: um tema para cair no ENEM?


 

Taxação global dos super-ricos: um tema para cair no ENEM?

Durante a 17ª Cúpula do BRICS, o Brasil, representado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, anunciou o apoio do bloco à proposta de criar um imposto global mínimo para super-ricos, com o objetivo de financiar políticas públicas globais, como combate à pobreza e causas climáticas.

Por que a proposta surge agora?

  • O Brasil assumiu a presidência do G20, impulsionando o debate por justiça fiscal internacional. Haddad defende que impor um tributo mínimo (cerca de 2%) sobre fortunas bilionárias pode gerar US$ 200–250 bilhões/ano para enfrentar desigualdade, fome e crise climática.

  • Estima-se que cerca de 3.000 famílias concentram US$ 15 trilhões, sendo 20 delas brasileiras.

  • Chamado de “conquista moral”, o acordo do G20 representou avanço simbólico, mesmo que a implementação prática ainda dependa de consenso mais amplo.

Relevância para o ENEM

1. Sociologia

  • Entra em pauta a discussão sobre desigualdade social, concentrada nas estruturas que favorecem os mais ricos.

  • Debates sobre o papel do Estado e das instituições globais no combate à pobreza e na regulação econômica.

2. Geografia & Atualidades

  • A taxação global mostra como as relações internacionais e blocos como BRICS e G20 influenciam a economia em escala planetária.

  • Relaciona-se com temas como desigualdade global, economia solidária e desenvolvimento sustentável.

3. Redação

  • Propõe-se temas com forte potencial para a prova, como:

    “A importância da justiça fiscal global no combate às desigualdades contemporâneas”.

Pontos-chave a memorizar

Tema                 Ponto importante
Quem são os super-ricos?          Famílias com fortunas acumuladas (3.000              no mundo, 20 no Brasil) 
Percentual proposto?           2% sobre patrimônio, arrecadação estimada           em US$ 200–250 bilhões/ano
Destino dos recursos           Fundo internacional para combater pobreza           e crises climáticas
Natureza do acordo          Conquista moral com apoio de G20, G7,               França, EUA, mas acordo parcial ainda


Dica de redação

Proposta de tema:
“A taxação dos super-ricos como estratégia global para combater desigualdades e emergências sociais no século XXI.”

Argumentos possíveis:

  • Justiça tributária e equidade social;

  • Iniciativa global para problemas transnacionais;

  • Integração de políticas fiscais e ambientais;

  • Papel dos blocos emergentes (BRICS) na construção de governança internacional.

A taxação global dos super-ricos é um tema emergente que combina elementos essenciais do ENEM: ética, geopolítica, economia e sustentabilidade. Com crescente apoio internacional, essa discussão pode ser cobrada em diferentes competências da prova. Vale acompanhar e estruturar bem seus argumentos!


Saiba mais: 

    Carta do BRICS reforça combate a todas as formas de discriminação

     


    Carta do BRICS reforça combate a todas as formas de discriminação

    Durante a 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro em 6 e 7 de julho de 2025, foi assinada a Carta do Rio de Janeiro, a declaração final do encontro. Um dos destaques do documento é um capítulo dedicado a fortalecer o compromisso dos países-membros na luta contra a discriminação em todas suas formas.

    Principais pontos da Carta

    1. Direito à igualdade e respeito mútuo
    O texto destaca a importância da promoção e proteção dos direitos humanos “sob os princípios da igualdade e do respeito mútuo”.

    2. Combate ao racismo, xenofobia e intolerância religiosa
    Pra reafirmar:

    “Reiteramos a necessidade de intensificar a luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e intolerâncias correlatas, bem como contra a discriminação com base na religião, fé ou crença…”

    3. Discursos de ódio e desinformação
    Preocupados com “tendências alarmantes de discurso de ódio, desinformação e informação enganosa”, os líderes reafirmam a necessidade de combater essas ameaças à convivência democrática.

    4. Inclusão social e de grupos vulneráveis
    A Carta ressalta programas voltados aos direitos das mulheres, pessoas com deficiência, juventude, emprego, migração e envelhecimento.

    5. Retorno de bens culturais e regulação tecnológica
    Há a defesa do repatriamento de bens culturais expropriados no passado colonial e um compromisso com o uso responsável da IA para “garantir a IA para o bem e para todos”.

    Por que esse conteúdo importa para o ENEM?

    1. Sociologia

    A Carta do BRICS reflete o papel dos blocos internacionais na defesa dos direitos humanos e da igualdade. Nos estudos sociológicos, conecta-se à discussão sobre direitos civis, lutas antidiscriminatórias e a ideia de globalização com valores interculturais.

    2. Geografia e Atualidades

    A iniciativa evidencia como o Sul Global busca se afirmar internacionalmente e enfrentar problemas globais como desinformação, desigualdade e exclusão. Está diretamente ligada às questões sobre blocos regionais, poder global e governança.

    3. Redação

    Sugestão de tema:
    “O papel dos blocos emergentes na promoção dos direitos humanos e na luta antidiscriminatória no mundo contemporâneo.”

    Dicas para enxergar essa temática no ENEM

    Perspectiva

    Pistas para prova

    Discursos de ódio e desinformação

    Conexão com redes sociais, fake news e intolerância

    Igualdade e direitos sociais

    Estratégias para inclusão de mulheres, PCD, juventude e idosos

    Globalização e poder

    BRICS como representante do Sul Global, reivindicando espaço diplomático e igualdade na agenda global

    Cultura e memória histórica

    Retorno de bens culturais e críticas à colonialidade


    Pontos-chave para a revisão

    • A Carta foi firmada em 6–7 de julho de 2025, no Rio, durante a 17ª Cúpula do BRICS

    • Reúne 11 países-membros (com expansão que incluiu cinco países novos desde janeiro de 2024, totalizando 11) .

    • O documento impõe compromissos sólidos em igualdade, direitos humanos, desinformação e uso ético da tecnologia.

    A Carta do Rio demonstra que o BRICS, mais do que uma aliança econômica, busca moldar um modelo de cooperação global baseado em igualdade, dignidade e respeito mútuo, temas que dialogam diretamente com as competências avaliadas no ENEM, especialmente em Sociologia, Geografia e Redação.

    Saiba mais:

    Gostou? Continue acompanhando o Sociologia no ENEM para mais análises que conectam atualidades internacionais com o que mais cai na prova. 

    BRICS: o que é e por que importa para o ENEM?

    BRICS: o que é e por que importa para o ENEM?

    Você já ouviu falar no BRICS? Esse grupo de países tem ganhado destaque nas notícias internacionais e também pode aparecer na prova de Ciências Humanas do ENEM, especialmente nas questões de Sociologia, Geografia e Atualidades.

    O que é o BRICS?

    O termo BRICS é um acrônimo formado pelas iniciais de cinco países:
    Brasil, Rússia, Índia, China e Sul da África (South Africa).

    Criado nos anos 2000, o BRICS reúne economias emergentes que passaram a atuar de forma mais coordenada para defender interesses comuns no cenário internacional, buscando mais autonomia frente aos países desenvolvidos e mais voz nas decisões globais, como nas tomadas de decisão do FMI e da ONU.

    Quais são os objetivos do BRICS?

    • Defender um mundo multipolar, sem a dominação de uma única potência (como os EUA);

    • Promover o desenvolvimento econômico e social entre os membros;

    • Ampliar parcerias comerciais, tecnológicas e culturais;

    • Criar alternativas aos organismos dominados por países ricos, como o Banco Mundial e o FMI. Um exemplo é o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também chamado de “Banco do BRICS”.

    Por que o BRICS é importante para o Brasil?

    O Brasil, ao lado de outras nações do Sul Global, busca no BRICS um espaço estratégico para:

    • Fortalecer sua política externa independente;

    • Atrair investimentos em infraestrutura e inovação;

    • Defender reformas na governança global, como a ampliação do Conselho de Segurança da ONU;

    • Ter acesso a novos mercados, fora da dependência dos EUA e da União Europeia.

    Como esse tema pode aparecer no ENEM?

    1. Sociologia e Geopolítica

    O BRICS pode ser cobrado dentro dos debates sobre globalização, dependência econômica, relações internacionais e a luta por autonomia dos países periféricos. Conecta-se também com a Teoria da Dependência, muito importante para a análise crítica das desigualdades internacionais.

    2. Geografia

    O ENEM pode explorar temas como:

    • Fluxos econômicos e comerciais entre os países;

    • Urbanização e industrialização nos países do BRICS;

    • O papel do BRICS na transição energética e nas discussões sobre meio ambiente.

    3. Redação

    O tema pode surgir como pano de fundo de propostas que envolvam:

    • Desigualdades globais;

    • Desenvolvimento sustentável;

    • Cooperação internacional;

    • Reformas nas instituições multilaterais.

    Exemplo de tema de redação:

    "Os desafios da cooperação internacional entre países emergentes no cenário global contemporâneo."

    Fique atento! O BRICS representa mais do que uma sigla: é uma articulação estratégica que revela disputas por poder, interesses econômicos e diferentes visões de mundo. Saber interpretar esses movimentos é essencial para ir bem nas questões do ENEM!

    Quer se aprofundar em temas como esse? Siga o blog Sociologia no ENEM e acompanhe nossos conteúdos semanais com explicações, questões comentadas e propostas de redação!


    20 junho, 2025

    Redação ENEM: A influência dos algoritmos na construção da realidade social


    Publicado em: 20 de junho de 2025

    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Você já parou para pensar como as redes sociais escolhem o que aparece na sua tela? Será que tudo que vemos é realmente uma escolha nossa? No ENEM, essas perguntas podem virar tema de redação, e é por isso que vamos refletir juntos sobre o papel dos algoritmos na sociedade.

    Tema: A influência dos algoritmos na construção da realidade social

    Textos Motivadores

    Texto I – Eli Pariser (2011)

    “A internet está nos mostrando o que ela acha que queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos ver. Estamos presos em um filtro invisível de personalização.”

    Texto II – Relatório do MIT Media Lab (2023)

    Fake news se espalham 6 vezes mais rápido do que notícias verdadeiras. As redes sociais dão mais visibilidade a conteúdos emocionais e polêmicos.

    Texto III – Pierre Bourdieu

    “A dominação simbólica ocorre quando os dominados aceitam como naturais as hierarquias e as divisões impostas pela estrutura social.”

    Texto IV – Declaração da ONU sobre tecnologias digitais (2024)

    “As tecnologias digitais devem promover pluralidade e diversidade, mas seu uso desregulado pode ameaçar a democracia e os direitos humanos.”

    Esses textos nos mostram que os algoritmos têm grande poder sobre o que vemos e pensamos. Mas como transformar esse tema em uma redação nota mil? Veja o exemplo abaixo:

    Modelo de Redação Nota 1000 

    Introdução:
    Na era digital, os algoritmos se tornaram ferramentas invisíveis que moldam o que vemos, consumimos e acreditamos. Ao personalizar os conteúdos das redes, eles influenciam diretamente nossa percepção da realidade. Essa dinâmica, embora eficiente do ponto de vista tecnológico, levanta sérias questões sobre democracia, pluralidade e autonomia do pensamento.

    Desenvolvimento 1:
    O conceito de “filtro invisível”, elaborado por Eli Pariser, explica como os algoritmos isolam os indivíduos em bolhas informacionais. Isso restringe o contato com opiniões diferentes, reforçando crenças prévias e alimentando polarizações. Além disso, como mostrou um estudo do MIT, conteúdos falsos ou sensacionalistas se espalham mais rápido, o que distorce a compreensão dos fatos e afeta o debate público.

    Desenvolvimento 2:
    Na Sociologia, Pierre Bourdieu explica que as formas mais eficazes de dominação são aquelas que se tornam invisíveis. Os algoritmos, nesse sentido, naturalizam escolhas que não percebemos, mas que afetam decisões políticas, econômicas e culturais. A falta de regulação e de educação digital crítica faz com que muitos não percebam essa influência.

    Conclusão:
    Diante disso, é urgente que o Estado regulamente o uso dos algoritmos e exija mais transparência das plataformas digitais. Além disso, as escolas devem promover educação midiática e pensamento crítico, para que os jovens reconheçam as influências invisíveis que moldam seu cotidiano. Assim, os algoritmos podem deixar de ser ferramentas de manipulação e se tornar instrumentos de empoderamento social.

    Comentário por competência

    • C1 (Linguagem): A redação está escrita em norma-padrão, com clareza e coesão.

    • C2 (Repertório): Utiliza conceitos de Eli Pariser e Pierre Bourdieu de forma produtiva.

    • C3 (Argumentação): Apresenta uma linha de raciocínio bem desenvolvida.

    • C4 (Coesão): Uso adequado de conectivos para articular ideias.

    • C5 (Intervenção): Propõe ações com agente, meio e finalidade, respeitando os direitos humanos.

    Dicas Finais para o ENEM

    • Estude os conceitos de bolhas informacionais, filtro invisível e dominação simbólica.

    • Relacione a discussão digital com temas como democracia, manipulação da informação e cidadania.

    • Proponha intervenções viáveis, com ações que envolvam o Estado, a escola e a sociedade civil.

    Quer mais temas comentados como este? Continue acompanhando o blog Sociologia no ENEM e siga nossas redes sociais para receber conteúdos atualizados!


    19 junho, 2025

    Algoritmos, bolhas e a construção da verdade



    Publicado em: 19 de junho de 2025
    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    O que é bolha informacional?

    Você já ouviu alguém dizer: “Não sei como esse político foi eleito, ninguém que eu conheço votou nele!”? Essa sensação pode ser explicada pelas chamadas bolhas informacionais.

    Elas são criadas quando os algoritmos das redes sociais filtram o conteúdo que aparece no nosso feed, nos mostrando apenas opiniões parecidas com as nossas. O resultado? Uma falsa sensação de unanimidade e de que todo mundo pensa igual a você.

    Esse fenômeno empobrece o debate e torna o diálogo mais difícil, alimentando a intolerância e a polarização.

    O papel dos algoritmos na construção da realidade

    Os algoritmos decidem o que você vê e o que você não vê. E isso influencia:

    • As notícias que você consome

    • Os temas sobre os quais você pensa

    • A maneira como você interpreta os fatos

    Com base no seu comportamento digital (curtidas, tempo de leitura, buscas), as plataformas “adivinham” seus interesses e ajustam o conteúdo — mas sem transparência ou controle.

    Isso interfere na sua percepção da realidade, já que as redes podem reforçar crenças pré-existentes e isolar visões divergentes.

    Isso afeta a democracia?

    Sim. Quando vivemos em bolhas digitais e consumimos apenas informações “filtradas”, corremos o risco de:

    • Acreditar em meias-verdades ou fake news

    • Tomar decisões políticas mal informadas

    • Desvalorizar o contraditório e o pensamento crítico

    Segundo a socióloga Shoshana Zuboff, vivemos em uma era de capitalismo de vigilância, onde nossos dados são coletados, vendidos e usados para prever e influenciar comportamentos — inclusive eleitorais.

    Conceitos sociológicos importantes

    Nesta aula, trabalhamos com três conceitos fundamentais:

    • Bolhas informacionais: zonas de conforto digital: 

    As bolhas informacionais são formadas quando os algoritmos das redes sociais e das plataformas digitais personalizam excessivamente os conteúdos com base em nossos gostos, curtidas e interações. Isso cria uma espécie de “zona de conforto digital”, na qual somos expostos quase exclusivamente a opiniões que reforçam nossas crenças, valores e preferências, enquanto visões diferentes ou críticas são filtradas ou invisibilizadas.

    Essa lógica contribui para o isolamento ideológico e a radicalização de opiniões, dificultando o debate democrático e a convivência com a diversidade de pensamento. As bolhas reduzem a complexidade do mundo social, criando uma falsa sensação de unanimidade e certeza. Para o Enem, esse conceito pode ser relacionado à reflexão crítica sobre o papel das tecnologias na formação da opinião pública e no exercício da cidadania.
    • Manipulação simbólica: uso seletivo de signos e discursos para influenciar consciências:

    A manipulação simbólica é um conceito associado ao sociólogo Pierre Bourdieu, que estudou como os símbolos, discursos e representações são utilizados por grupos dominantes para moldar a percepção da realidade. Ao selecionar e divulgar certos signos (palavras, imagens, símbolos) de forma estratégica, é possível influenciar consciências, legitimar desigualdades e sustentar relações de poder.

    Por exemplo, a forma como a mídia apresenta uma greve pode usar signos que geram empatia (“trabalhadores lutam por seus direitos”) ou repulsa (“baderneiros atrapalham a ordem pública”), dependendo do interesse envolvido. Bourdieu chama atenção para o "poder simbólico", ou seja, a capacidade de impor uma visão de mundo como se fosse natural, neutra e legítima, quando na verdade ela é construída socialmente.

    Na redação do Enem, esse conceito pode ajudar a discutir como a linguagem é usada para manipular opiniões, especialmente em contextos de fake news ou discursos de ódio.

    • Cultura da pós-verdadequando os fatos perdem importância

    O termo pós-verdade ganhou destaque em 2016, quando foi eleito palavra do ano pelo Oxford Dictionary. Segundo a definição, trata-se de contextos em que os fatos objetivos têm menos influência sobre a opinião pública do que crenças pessoais e emoções. Em outras palavras, não importa se algo é verdadeiro, mas sim se a informação reforça o que o indivíduo quer acreditar.

    Filósofos como Byung-Chul Han e Zygmunt Bauman exploraram esse fenômeno. Para Han, vivemos uma crise da verdade causada pelo excesso de informação e pela fragilidade do pensamento crítico. Bauman, por sua vez, apontava que, na "modernidade líquida", as verdades absolutas cedem lugar a narrativas fragmentadas e subjetivas, o que favorece o crescimento do populismo e da desinformação.

    Na cultura da pós-verdade, fatos são relativizados e a objetividade perde espaço para o impacto emocional. Esse contexto favorece a disseminação de fake news, discursos anticientíficos e o fortalecimento de líderes carismáticos que apelam às emoções em vez de argumentos racionais.

    Atividade de reflexão

    Leia duas reportagens sobre o mesmo fato, publicadas por veículos diferentes. Compare títulos, linguagem, foco da narrativa e imagens.
    Como os recortes editoriais influenciam sua interpretação?

    Essa prática ajuda a desenvolver o pensamento crítico e a sair da bolha!

    Para o ENEM: onde esse tema pode aparecer?

    Esse conteúdo é excelente para abordar temas como:

    • Liberdade de expressão vs. manipulação informacional

    • Cidadania digital

    • Polarização e intolerância nas redes

    • Cultura da pós-verdade e fake news

    • Responsabilidade social das plataformas digitais

    Esse é o tipo de repertório que fortalece argumentos em redações e questões interdisciplinares, e mostra domínio dos desafios da vida em sociedade, ponto chave nas Competências 2 e 3 da redação do ENEM.

    No próximo post, vamos analisar como esses debates podem ser aplicados em uma proposta de redação estilo ENEM, com textos motivadores e modelo comentado.

    Continue acompanhando o blog Sociologia no ENEM para transformar o blog em espaço de estudo e reflexão crítica!


    Como os algoritmos moldam nossas escolhas?



    Publicado em: 19 de junho de 2025
    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Você já percebeu que, depois de pesquisar um produto, ele começa a aparecer o tempo todo nas suas redes sociais? Ou que o conteúdo que surge no seu feed parece sempre “do seu gosto”? Isso não acontece por acaso , os algoritmos são os responsáveis por esse fenômeno.

    Na era digital, eles não apenas nos ajudam a encontrar o que procuramos, mas também influenciam o que consumimos, pensamos e até votamos. Por isso, entender como eles funcionam é essencial para quem vai fazer o ENEM e quer refletir sobre os desafios da sociedade contemporânea.

    O que são algoritmos?

    Algoritmos são sequências de instruções programadas para resolver problemas ou executar tarefas automaticamente. Nas redes sociais e nas plataformas digitais, eles organizam o conteúdo com base no comportamento do usuário: o que você curte, compartilha, assiste, comenta…

    Em outras palavras: quanto mais tempo você passa em uma rede, mais o algoritmo entende seu perfil e personaliza o que você vê.

    Mas será que isso é sempre positivo?

    O perigo da personalização: vivemos em bolhas?

    Quando tudo o que você vê confirma suas crenças, você está preso(a) a uma bolha informacional. É como se o algoritmo dissesse: “vou te mostrar só o que você gosta” e assim você deixa de ter contato com opiniões diferentes.

    Esse fenômeno foi chamado de filtro invisível por Eli Pariser, e pode gerar:

    • Reforço de preconceitos e estereótipos

    • Redução do pensamento crítico

    • Dificuldade de diálogo entre pessoas com visões diferentes

    Para pensar com a Sociologia…

    A atuação dos algoritmos não é neutra. Eles priorizam o engajamento e o lucro, e muitas vezes acabam disseminando conteúdo sensacionalista ou até mesmo informações falsas.

    Aqui, a Sociologia nos ajuda com alguns conceitos:

    • Violência simbólica (Pierre Bourdieu)

    O sociólogo francês Pierre Bourdieu nos oferece uma poderosa ferramenta para compreender como o poder se manifesta de maneira sutil, mas extremamente eficaz. A violência simbólica ocorre quando as formas de dominação deixam de ser percebidas como imposições e passam a ser vistas como naturais.

    Em vez de uma coerção física ou explícita, trata-se de um poder que age no plano simbólico: na linguagem, nos costumes, nos valores, nas instituições. Por exemplo, quando certos sotaques, corpos, gostos ou estilos de vida são vistos como superiores a outros, essa hierarquia é reproduzida como se fosse algo “normal”. Isso acontece, por exemplo, no sistema educacional, quando a cultura dominante é tomada como a única legítima, fazendo com que grupos marginalizados internalizem sua posição como inferior.

    Assim, a violência simbólica mantém a desigualdade social sem recorrer à força direta, porque aqueles que estão subordinados muitas vezes aceitam e até reforçam sua própria dominação sem perceber.

    • Modernidade líquida (Zygmunt Bauman)

    O sociólogo polonês Zygmunt Bauman propôs a metáfora da modernidade líquida para descrever a fase atual da sociedade, marcada pela instabilidade e pela fluidez das relações humanas, dos vínculos sociais e das estruturas institucionais.

    Se antes a sociedade era como algo “sólido”, com tradições, empregos e relacionamentos duradouros, hoje tudo parece escorrer pelas mãos. As relações amorosas se tornam mais passageiras, os laços de comunidade se enfraquecem, os empregos são instáveis e a informação circula de maneira tão rápida que mal temos tempo para refletir sobre ela.

    Vivemos sob a lógica da descartabilidade: pessoas, produtos e ideias são rapidamente substituídos. A velocidade da comunicação digital intensifica esse processo, gerando sentimentos de insegurança, ansiedade e superficialidade nas conexões.

    A modernidade líquida, portanto, revela uma crise de pertencimento e estabilidade, desafiando os indivíduos a construírem identidades em um mundo em constante transformação.

    • Filtro invisível (Eli Pariser)

    Com a expansão da internet e das redes sociais, esperava-se que tivéssemos acesso a uma enorme diversidade de informações e visões de mundo. No entanto, o ativista digital norte-americano Eli Pariser chamou atenção para um fenômeno preocupante: o filtro invisível.

    Esse conceito descreve como os algoritmos das plataformas digitais selecionam conteúdos com base no comportamento prévio dos usuários, ou seja, no que eles curtiram, comentaram ou pesquisaram. Isso cria uma “bolha” personalizada de informações, onde o usuário recebe apenas conteúdos que reforçam suas crenças e preferências.

    O problema é que essa personalização, longe de ser neutra, limita o contato com opiniões divergentes e dificulta o pensamento crítico. O usuário acredita estar fazendo escolhas livres, mas na verdade está sendo direcionado por mecanismos invisíveis que filtram o mundo de acordo com interesses comerciais e padrões de consumo.

    Essa falsa sensação de liberdade informacional contribui para a polarização política, para a disseminação de fake news e para o enfraquecimento da esfera pública como espaço de debate plural.

    Atividade sugerida para alunos:

    Reflita sobre uma situação em que o algoritmo influenciou uma escolha sua (ex: uma compra, um vídeo, uma notícia que você compartilhou). Escreva um pequeno relato explicando como isso aconteceu.

    Para o ENEM:

    Esse conteúdo é uma excelente base para discutir temas como:

    • Liberdade de informação

    • Democracia digital

    • Bolhas ideológicas e polarização política

    • Manipulação de dados e fake news

    Fique atento(a) às atualidades e aprenda a aplicar os conceitos sociológicos para interpretar o mundo digital. Afinal, no ENEM, quem argumenta com base crítica e repertório tem mais chances de alcançar a nota 1000!

    Continue acompanhando a série de aulas sobre algoritmos e realidade social aqui no blog Sociologia no ENEM. No próximo encontro, vamos falar sobre bolhas informacionais, manipulação simbólica e como isso se relaciona com a construção da verdade.

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    REDAÇÃO ENEM: O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade

     


    Publicado em: 19 de junho de 2025

    Por: Cláudia Mendonça - Professora de Sociologia e idealizadora do blog Sociologia no ENEM

    Redação ENEM: 

    Proposta de Redação 

    Tema: O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade

    Instrução da proposta (modelo ENEM):

    Escreva um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema “O papel dos movimentos humanitários transnacionais diante dos conflitos de soberania na atualidade”. Apresente argumentos coerentes e uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

    Texto I – Determinação em meio à repressão

    “Foi interceptado em águas internacionais a cerca de 100 milhas náuticas de Gaza […] ficou isolado em solitária por dias e passou fome e sede em protesto.… Ávila planeja voltar com outro barco para levar ajuda.” huffingtonpost.es+15elpais.com+15brasildefato.com.br+15

    Texto II – Controvérsia legal e humanitária

    “Israel justifica o bloqueio por questões de segurança, mas organizações de direitos humanos classificam a abordagem como violação do direito internacional humanitário.” huffingtonpost.es

    Texto III – Solidariedade global em ato simbólico

    “A flotilha conta com a participação de ativistas … que afirmam: ‘O silêncio diante do genocídio transmitido em direto é mais perigoso do que qualquer missão arriscada’.”

    Orientações 

    1. Interpretação dos textos

    Contextualize o caso da Flotilha da Liberdade, com destaque para o ativista Thiago Ávila, interceptado e deportado após tentar romper o bloqueio marítimo israelense a Gaza.

    2. Mobilização sociológica

    • Sociologia das Relações Internacionais: examine os limites da soberania estatal frente às normas internacionais.

    • Teoria do Conflito: analise a disputa por controle territorial e humanitário como expressão de poder geopolítico.

    • Movimentos transnacionais: discuta como a mobilização ética global repercute na opinião pública e pressiona governos.

    3. Proposta de intervenção

    Apresente uma ação concreta e viável, por exemplo:

    • Mobilização diplomática do Brasil/ONU para garantir passagem humanitária.

    • Apoio jurídico internacional para missões não violentas.

    • Promoção de campanhas educativas e cobertura na mídia para sensibilizar a sociedade.

    Estrutura sugerida da redação

    1. Introdução: introduza o tema com base no Texto I, problematizando a tensão entre soberania e solidariedade global.

    2. Desenvolvimento 1: analise sob a perspectiva da Sociologia das RI (Texto II).

    3. Desenvolvimento 2: incorpore a Teoria do Conflito e impacto dos movimentos transnacionais (Texto III).

    4. Proposta: defina ações diplomáticas, jurídicas e de mobilização social.

    5. Conclusão: retome a importância da solidariedade global como instrumento de mediação e justiça em situações de conflito humanitário.

    Modelo de Redação

    Introdução

    O caso da Flotilha da Liberdade, que tentou romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, e a detenção do ativista brasileiro Thiago Ávila interceptado em águas internacionais, mantido em solitária e deportado , revelam uma problemática contemporânea urgente: a tensão entre a soberania estatal e os direitos humanos universais.

    Desenvolvimento I: Sociologia das RI

    A ação de Israel, alegando segurança diante do Hamas, contrasta com o direito internacional que garante a liberdade de passagem e acesso humanitário. A ONU ressaltou que apenas 7 de 18 operações de ajuda em Gaza foram concluídas, destacando os limites das instituições globais diante de políticas estatais fortemente militarizadas. Esse episódio ilustra bem o embate entre interesses estratégicos dos Estados e normas internacionais.

    Desenvolvimento II: Teoria do Conflito marxista

    A sociologia marxista interpreta esses eventos como expressões de disputa pelo controle de território, recursos e legitimidade política. O bloqueio e criminalização de ajuda humanitária funcionam como instrumentos de dominação, visando manter poder sobre um território estratégico e preservar desigualdades geopolíticas — ações que refletem a lógica das desigualdades estruturais questinadas por Marx.

    Desenvolvimento III: Movimentos transnacionais e solidariedade

    A presença de ativistas como Greta Thunberg e Thiago Ávila, aliados a ONGs e parlamentares internacionais, demonstra a força dos movimentos sociais globais. A Flotilha não apenas levava suprimentos, mas também amplificava a pressão internacional sobre o governo israelense, evidenciando o poder de mobilização sem fronteiras e a capacidade de transformar a opinião pública global .

    Proposta de intervenção

    Para enfrentar essa tensão entre soberania e direitos humanos, propõe-se:

    1. Mobilização diplomática e jurídica pelo Brasil e países democráticos na ONU, exigindo passagem segura para missões humanitárias marítimas.

    2. Fortalecimento de alianças entre ativistas, ONGs e organismos internacionais para criar fiscalização independente das barreiras humanitárias.

    3. Promoção de campanhas educacionais e midiáticas, incentivando pautas de solidariedade internacional e apoio a propostas de mesmo tipo.

    Conclusão

    O caso da Flotilha da Liberdade evidencia que, em um mundo marcado por crises humanitárias e conflitos, as fronteiras nacionais não podem se sobrepor à dignidade humana universal. Movimentos transnacionais demonstram ser instrumentos legítimos de resistência e denúncia, capazes de pressionar por soluções éticas e jurídicas que garantam o acesso a direitos básicos — essencial para sociedades democráticas e justas.

    Esse modelo:

    • Apresenta uma introdução contextualizada, conectando o texto motivador ao tema.

    • Utiliza conceitos sociológicos pertinentes.

    • Propõe uma intervenção clara, viável e articulada.

    • Fechamento com apelo reflexivo, todos alinhados aos critérios do ENEM

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