29 maio, 2025

📣"Ponha-se no seu lugar": Autoritarismo à brasileira?

 


A recente declaração do senador Marcos Rogério, ao dizer à ministra Marina Silva "ponha-se no seu lugar", repercutiu amplamente na sociedade brasileira. Essa expressão, carregada de conotações autoritárias e discriminatórias, remete a estruturas hierárquicas profundamente enraizadas na cultura do país.

O jornalista Matheus Leitão, em artigo publicado na revista Veja, destaca que a frase "ponha-se no seu lugar" é um "triste clássico no Brasil", associada ao preconceito, racismo, machismo e ao "mandonismo" . Leitão argumenta que essa expressão carrega séculos de dominação e violência, sendo um reflexo do racismo estrutural e do machismo presentes na sociedade brasileira.

Para compreender melhor essa dinâmica, é pertinente recorrer à obra do antropólogo Roberto DaMatta, Você sabe com quem está falando? Estudos sobre o autoritarismo brasileiro. DaMatta analisa como expressões autoritárias, como "você sabe com quem está falando?", refletem uma sociedade marcada por hierarquias e relações pessoais que se sobrepõem às leis e normas impessoais . Segundo o autor, essa mentalidade autoritária é um obstáculo ao pleno desenvolvimento da democracia no país.

A fala do senador exemplifica essa dinâmica, ao tentar "colocar no seu lugar" uma mulher negra em posição de poder, refletindo a resistência de setores conservadores à ascensão de grupos historicamente marginalizados. Essa atitude evidencia as barreiras enfrentadas por mulheres negras na política brasileira e reforça a exclusão desses grupos dos espaços de poder.

A reação institucional e social ao caso, incluindo o repúdio de outras senadoras e da Procuradoria Especial da Mulher do Senado, indica uma crescente conscientização e intolerância frente a manifestações discriminatórias. Isso sugere uma mudança gradual na percepção e na tolerância a atitudes preconceituosas, apontando para a necessidade contínua de vigilância e ação contra o racismo e o machismo na política e na sociedade em geral.

Em suma, a análise de Leitão, quando relacionada aos estudos de DaMatta, evidencia como discursos autoritários e hierarquizantes persistem na cultura política brasileira, desafiando os princípios de igualdade e impessoalidade fundamentais à democracia. A compreensão e o enfrentamento dessas estruturas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Saiba mais:

Esse tema pode ser abordado no ENEM de diversas maneiras, especialmente na prova de Ciências Humanas e Suas Tecnologias e na Redação. A seguir, explico como:

Na prova objetiva (Ciências Humanas):

Temas recorrentes:

  • Autoritarismo e democracia no Brasil

  • Estruturas sociais e desigualdade

  • Racismo estrutural

  • Gênero e participação política

  • Cultura política brasileira

Como pode aparecer:

  • Questões sobre a obra de Roberto DaMatta e o conceito de autoritarismo à brasileira;

  • Interpretação de textos sobre desigualdade de gênero e raça;

  • Análise crítica de situações que envolvem preconceito e exclusão social;

  • Relação entre cultura política e manutenção de hierarquias sociais.

Habilidades desenvolvidas:

  • Identificar mecanismos de dominação e opressão;

  • Analisar o papel das instituições na promoção ou combate à desigualdade;

  • Relacionar fatos sociais com teorias sociológicas.

2. Na Redação:

Possíveis temas relacionados:

  • O desafio da representatividade política no Brasil

  • Os impactos do racismo estrutural na sociedade brasileira

  • A importância do combate ao machismo e ao autoritarismo nas instituições públicas

  • A superação de barreiras sociais e históricas para a efetivação da democracia

Como usar essa análise:

  • Citar a obra de Roberto DaMatta como repertório sociocultural legitimado;

  • Referenciar o episódio envolvendo a ministra Marina Silva como exemplo atual e pertinente;

  • Discutir o papel da sociedade e do Estado no enfrentamento das desigualdades estruturais.

Proposta de intervenção:

  • Fortalecimento de políticas públicas de combate ao racismo e ao machismo;

  • Promoção de campanhas educativas sobre igualdade de gênero e raça;

  • Garantia da presença de grupos historicamente excluídos nos espaços de poder.

3. Competências desenvolvidas:

  • Competência 5 (Redação): elaborar proposta de intervenção com respeito aos direitos humanos;

  • Competência 2 (Redação): mobilizar repertório sociocultural produtivo;

  • Competência 6 (Humanas): interpretar diferentes formas de manifestação do preconceito e da desigualdade.

Dica final: Esse é um excelente exemplo para mostrar que Sociologia não é só teoria: é ferramenta crítica para entender e transformar a realidade!

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Observação da autora:

Como negra, mulher e professora, manifesto aqui o meu mais profundo repúdio à postura do senador Marcos Rogério. Sua fala evidencia não apenas uma tentativa de desqualificação pessoal, mas também a reprodução de estruturas autoritárias, racistas e machistas que historicamente têm excluído mulheres negras dos espaços de poder. Expresso, assim, toda a minha solidariedade à ministra Marina Silva, mulher de trajetória admirável, cuja presença e resistência são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária. 

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