A Sociologia surgiu como disciplina no século XIX, em um contexto de grandes transformações econômicas, políticas e sociais. Dentre esses processos, a consolidação do capitalismo foi um dos fatores centrais que impulsionaram o desenvolvimento do pensamento sociológico.
O Capitalismo e suas Transformações
O capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção, no trabalho assalariado e na busca pelo lucro. Seu desenvolvimento está diretamente ligado à Revolução Industrial, que trouxe inovações tecnológicas, aumento da produção e mudanças na organização do trabalho.
Com a industrialização, houve um intenso processo de urbanização, migrando pessoas do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho nas fábricas. No entanto, essa transição também gerou problemas sociais, como a exploração dos trabalhadores, condições insalubres de trabalho, desigualdade social e a formação de novas classes sociais: a burguesia (donos dos meios de produção) e o proletariado (trabalhadores assalariados).
A Resposta da Sociologia
Diante dessas transformações, os primeiros sociólogos buscaram compreender e explicar as dinâmicas sociais emergentes. Três autores são fundamentais nesse processo:
Karl Marx (1818-1883): Crítico do capitalismo, Marx analisou a sociedade a partir da luta de classes, argumentando que a exploração dos trabalhadores era uma característica fundamental do sistema capitalista. Para ele, a desigualdade econômica gerada pelo capitalismo levaria inevitavelmente a conflitos sociais e à necessidade de uma transformação revolucionária.
Emile Durkheim (1858-1917): Preocupado com a coesão social, Durkheim estudou como as sociedades modernas poderiam manter a ordem em meio às transformações causadas pelo capitalismo. Ele introduziu o conceito de "solidariedade social", diferenciando a solidariedade mecânica (típica de sociedades tradicionais) da solidariedade orgânica (própria das sociedades modernas, baseadas na interdependência econômica e social).
Max Weber (1864-1920): Weber analisou o capitalismo a partir da relação entre economia e cultura. Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", ele argumentou que certas crenças religiosas, como o protestantismo, influenciaram a mentalidade capitalista ao enfatizar o trabalho, a disciplina e a acumulação de riqueza.
Reflexão Atual
O capitalismo evoluiu ao longo dos séculos, dando origem a diferentes fases, como o capitalismo industrial, o capitalismo financeiro e o capitalismo digital. Apesar das mudanças, muitos dos desafios apontados pelos clássicos da Sociologia continuam relevantes, como a desigualdade econômica, a precarização do trabalho e os impactos sociais das inovações tecnológicas.
Compreender a relação entre capitalismo e sociedade é essencial para que possamos analisar criticamente o mundo contemporâneo e refletir sobre caminhos para um desenvolvimento mais justo e equilibrado.
Como pode cair nas questões objetivas do ENEM?
O ENEM costuma cobrar esse tema por meio de textos de apoio, gráficos e análises de situações sociais. Veja alguns exemplos de como isso pode aparecer:
Interpretação de textos e charges – O exame pode trazer trechos de Karl Marx, Max Weber ou Émile Durkheim e pedir para identificar conceitos como luta de classes, ação social ou solidariedade.
Aplicação da teoria sociológica ao contexto atual – Pode haver questões que relacionam o capitalismo com desigualdade social, exploração do trabalho ou consumo.
Leitura de gráficos e dados estatísticos – O exame pode apresentar gráficos sobre a desigualdade econômica e pedir para analisar os impactos do capitalismo.
Comparação entre sistemas econômicos – O ENEM pode perguntar sobre as diferenças entre capitalismo, socialismo e economia mista, pedindo para relacionar com as teorias sociológicas.
Exemplo de questão:
"De acordo com Karl Marx, o sistema capitalista é baseado na exploração da classe trabalhadora pelos donos dos meios de produção. Considerando essa teoria, como o capitalismo influencia a desigualdade social?"
Como pode aparecer na redação do ENEM?
O ENEM pode propor um tema que envolva a lógica capitalista e suas consequências sociais. Veja alguns exemplos de possíveis temas:
“Os desafios da desigualdade social no Brasil” → Exigiria uma reflexão sobre o impacto do capitalismo e da luta de classes.
“O impacto da precarização do trabalho na sociedade contemporânea” → Poderia abordar o crescimento de empregos informais e o desemprego, relacionando com as teorias sociológicas.
“O consumismo e seus efeitos na sociedade atual” → Poderia trazer a visão de Weber sobre a racionalização e o espírito do capitalismo.
Como argumentar sobre esse tema na redação?
Usar conceitos sociológicos: falar sobre Karl Marx e a exploração do trabalho, Durkheim e os fatos sociais, ou Weber e a racionalização.
Trazer dados: mencionar índices de desigualdade, desemprego ou pobreza para embasar o argumento.
Sugerir soluções: pensar em políticas públicas, investimentos em educação e valorização do trabalhador.
Exemplo de trecho para a redação:
"A sociedade capitalista gerou avanços econômicos, mas também aprofundou desigualdades sociais. Karl Marx apontava que o sistema capitalista é baseado na exploração da força de trabalho, o que pode ser visto no Brasil, onde a desigualdade de renda é uma das maiores do mundo. Portanto, medidas como a valorização do salário mínimo e a ampliação do acesso à educação são fundamentais para reduzir essas disparidades."